domingo, abril 06, 2008
Contos de Liberdade 2008
Já na sua VI edição, o Festival de Narração Oral “Contos de Liberdade” 2008 foi planeado, como sempre, para ser parte das comemorações do aniversário do 25 de Abril. Começámos a primeira edição com uma história:
Era uma vez uma cidade ao Sul que pelo menos uma vez por ano festejava a Liberdade. No ano de 2003 decidiu organizar um grandioso Festival de Contos. Tudo seria organizado ao mínimo pormenor: viriam os melhores contadores e contadoras; seria anunciado nas televisões, nas rádios e nos jornais; não faltariam Ministros da Nação e Chefes de Estado estrangeiros; prémios Nobel e cantores pop; futebolistas e estrelas de cinema (parece que até que a própria Lili Caneças telefonou a confirmar a sua vinda...)
Seria um evento para ficar na memória da cidade por décadas e décadas....
Era uma vez Ezequiel, que ouvindo falar de que determinada cidade (da qual a única referência que tinha era que era ao Sul) iria com toda a pompa e circunstância organizar um Festival de Contos para comemorar a Liberdade, decidiu fazer-se a caminho e saber que liberdade era essa que se comemorava uma vez por ano. Não era a Liberdade um valor para ser comemorado todos os dias? Não deveria a liberdade ser vivida no dia a dia, ser como o ar que se respira, que entra e sai do nosso corpo, naturalmente, e a qual só sabemos que existe ( e que só deveremos saber que existe) quando se torna rarefeita?
Ezequiel era trolha...era um trolha com um trabalho importante...Construir uma Torre que chegasse ao céu! Construir a mítica Torre de Babel!!! Digo era, pois foi despedido por uma empresa avarenta que a troco de uns subsídios tinha aceite deslocalizar a sua empresa para a Malásia onde podia pagar salários mais baixos (quem prefere acreditar na outra versão da Torre de Babel, veja os jornais e procure as notícias sobre esta empresa, verá que não é difícil de encontrar, e se mesmo assim não acreditar vá às enciclopédias ver onde estão as torres mais altas do mundo...) Desde essa altura, sem subsídio de desemprego, Ezequiel tinha-se tornado um viajante, um andarilho do mundo, com o único objectivo de questionar as verdades emperradas pela indolência do espírito, de incitar o livre pensamento e o espírito crítico pois essa é, para ele, a verdadeira Liberdade: a Liberdade para criar um mundo novo de relações onde progresso, cooperação, solidariedade, cultura universal, democracia e pluralismo sejam palavras e ideias conjugadas todos os dias.
Esta é a filosofia do "Contos de Liberdade". Entendemos que as comemorações do 25 de Abril não se devem limitar à comemoração anual de um acontecimento histórico, que cada vez mais (felizmente) diz menos às novas gerações. Os capitães de Abril não são uns objectos que se retiram do armário uma vez por ano e pomos a desfilar na Avenida. Devemos mais do que isso à nossa Memória e a estes heróis. Mais do que comemorar o 25 de Abril, queremos comemorar a Liberdade. Comemorar a Liberdade, hoje, no Portugal do século XXI, num Portugal Europeu, inserido num mundo global e cada vez mais intercultural. Queremos comemorar a Liberdade conhecendo “o que andámos para aqui chegar” mas com os olhos postos no futuro. E que melhor metáfora para o que queremos fazer do que (re)inventando uma forma de comunicação milenar e adaptando-a aos tempos contemporâneos, tentando nunca despi-la da sua identidade?
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