Por A.S. (Jornal Público)
Domingo, 07 de Dezembro de 2003
Mais de metade dos portugueses (56 por cento) defendem que Portugal deve receber poucos ou nenhuns imigrantes. Isto se se falar apenas de estrangeiros da mesma etnia da maioria da população portuguesa; caso contrário, o número dos que assumem uma posição ainda mais restritiva aumenta: 23,2 por cento defendem zero imigrantes de etnias diferentes; 38,3 afirmam que podem vir, desde que sejam poucos. Estes são alguns dos resultados das perguntas colocadas ao europeus sobre imigração, no âmbito do Inquérito Social Europeu (ISE).
O peso dos portugueses que defendem imigração zero (17,6 por cento, no caso de estrangeiros da mesma etnia) ganha ainda mais relevância quando nenhum outro país dos 19 que constam da base de dados do ISE apresenta um número de respostas semelhantes tão elevado.
Alice Ramos, do Instituto do Ciências Sociais, diz que o cruzamento de algumas informações do ISE mostra que a abertura a gente de fora aumenta à medida que se sobe no escalão de rendimentos e no nível de escolaridade. Já os indivíduos que se consideram de "direita" são menos condescendentes.
Até agora, pouco foi aprofundado pelos investigadores sobre estes novos números. Contudo, a aceitação da imigração pode estar a degradar-se em Portugal. Um estudo, também de âmbito europeu, conduzido em 1999/2000 ("European Values Study") mostrava que 11,5 por cento dos portugueses defendiam que o Governo deveria deixar entrar toda a gente, sem condicionalismos; 61,4 por cento afirmavam que os imigrantes deveriam vir, mas desde que houvesse trabalho. Portugal era, na altura, um dos países mais favoráveis à imigração.
O ISE pretendeu ainda averiguar quais são, na opinião dos cidadãos de cada país, os aspectos que devem ser tidos em conta na hora de deixar entrar mais imigrantes. As qualificações profissionais? O nível de educação? A língua? Ser branco?
Os resultados mostram que as qualificações profissionais são, de longe, o aspecto mais valorizado. Para 67 por cento dos portugueses esse é também o principal requisito que deve ser ponderado na hora de deixar trabalhar e viver no país cidadãos estrangeiros.
A Holanda, a Noruega e a Suécia estão entre os estados europeus mais abertos à imigração. Talvez porque atribuem ao fenómeno menos aspectos negativos. Por exemplo: só 11,6 por cento dos noruegueses e 15 por cento dos suecos acham que a chegada de gente de fora fez baixar os salários; uma ideia que é partilhada por 81 por cento dos gregos e por 56,7 por cento dos portugueses.
O estudo procurou ainda investigar quais as barreiras que existem que possam inibir as oportunidades de trabalho dos imigrantes, especialmente os que pertencem a minorias étnicas. E fê-lo, por exemplo, ao perguntar se as pessoas se importariam de ter um patrão proveniente de outro país.
Em todos os estados, com a excepção de Israel, a esmagadora maioria parece não se importar de ser chefiado por alguém de outro país, ainda que esse cenário tenha menos adeptos quando se põe a hipótese de o chefe ser alguém de outro grupo étnico. são 48 por cento
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